domingo, 10 de abril de 2011

A GÍRIA

OBJETIVO: Entender a noção de gíria como um dialeto utilizado por grupos sociais diversos.

A gíria

Nossa língua é a portuguesa, mas ela tem variações, isto é, cada grupo social fala
de um jeito próprio, de acordo com a região em que mora, idade, nível social, sexo,
profissão. Essas variações são chamadas dialetos.
Por vezes, o dialeto é usado por um grupo fechado, por exemplo, o dos surfistas, dos
pescadores, dos pagodeiros, dos caminhoneiros, etc. E tem palavras que são conhecidas e entendidas apenas por quem pertence ao grupo. Essa linguagem é chamada de gíria.
A gíria é usada na linguagem coloquial falada, por adultos e crianças.

A gíria é usada na linguagem coloquial falada, por adultos e crianças.
Veja trechos do livro A bolsa amarela, de Lygia Bojunga Nunes, em que a menina
Raquel usa muitas gírias:
“Levei uns cascudos que eu vou te contar. (...) fui cedo pra cama porque vi logo
que ia dar galho. (...) Fui dormir na maior fossa de ser criança podendo tão bem ser gente grande.” (p.14)

“Mas não era música antiga não: era uma música tão quente que todo o mundo
ficou ligado e deixou tudo que tava fazendo pra ir pro meio da casa dançar. Faziam uns
passos bacanas, riam, cantavam, cada um curtindo a farra mais que o outro.” (p.9)
Nunes, Lygia Bojunga. A bolsa amarela. 32 ed., Rio de Janeiro: Agir, 2000.

a) Grife os termos de gíria.
b) Você considera que esses termos são adequados à fala da menina? Por quê?

Várias expressões que inicialmente faziam parte da gíria podem passar a ser usadas na
linguagem comum. Observe as expressões a seguir, que fazem parte da gíria dos surfistas

Aê: saudação
Animal: surfista agressivo
Bacalhau: mulher feia
Batida: manobra em que se acerta a crista da onda com a parte de baixo da prancha
Brother, brô: forma de tratamento entre surfistas
Cabeludo: mar perigoso
Casca-grossa: surfista experiente, que não teme ondas grandes
Fissura: vontade de fazer algo
Maria-parafina: garota que gosta de surfistas
Marreca: onda pequena
Pagar mico: passar vergonha
Tomar vaca: levar um tombo


Você é capaz de entender o texto abaixo?

“Aqui no grupo a gente só quer turbinado. Roda-presa e Zé-sujinho não têm vez.
No tapetão preto, o negócio é manter o bruto na mão certa e ser amigo do João-de-barro.
E na hora de fazer apanha, saber muito bem se é coisa honesta, que não vai dar bode. E
tem que ser companheiro: na hora de parar pra comer um produto, se o irmão caminho- neiro não tem pra inteirar a conta, tem que ajudar ele.”

a) A que grupo profissional pertence o autor do texto?
b) Qual é o assunto do texto?
c) Que dialeto é usado?
d) Talvez você não entenda todas as gírias do texto. No entanto, reescreva-o “traduzin-
do” os termos que conseguir e usando o dialeto formal. No momento dos comentários
você terá a oportunidade de conferir a resposta com o professor.

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