sexta-feira, 25 de março de 2011

Os dialetos do Português (2)

Você deve ter notado uma enorme diferença entre a linguagem do avô, da crônica de Drummond, e da menina do conto de Lygia. É que, assim como, lá, o velho falava mesmo como um velhinho, aqui, a menina expressa-se como uma menina, relatando suas experiências e sentimentos: todas as falas em que se compara à irmã são típicas da criança, na estrutura e na argumentação.
Temos, com essas duas personagens, exemplos de variação da língua segundo a idade. Podemos dizer que as crianças não falam como os jovens, adultos, nem como os idosos. As faixas etárias apresentam, assim,  características diferentes de linguagem.
A criança, por exemplo, não domina  ou não usa várias estruturas da língua; conforme a idade, não pronuncia grupos consonantais (branco/banco). Os jovens, por sua vez, têm uma linguagem marcada pelas gírias, pelas simplificações, com certa marca de rebeldia. A linguagem do adulto  tende a se tornar mais conservadora, “comportada”.
Vemos, portanto, que há uma forma de usar a língua que é normal para  cada faixa etária.

Chegamos à noção de NORMA,  que é a forma de  cada grupo usar a sua língua. O sujeito aprende a sua língua em convívio com a família, amigos, enfim pessoas que estão ao seu redor e participam do seu cotidiano. Cada um vai assimilando os usos lingüísticos daquele grupo, ainda que construindo a seu modo esse seu saber.
Em geral, o sujeito não tem consciência dessa “norma” que ele vai internalizando no contato com os outros elementos do grupo. Queira ou não, tenha ou não consciência disso, o sujeito pertence a grupos. Você,
por exemplo, é homem ou mulher,  é de determinada região, tem certa idade, profissão, e considerando cada uma dessas características, você forma um grupo com outras pessoas Pertencer a um ou vários grupos e usar a língua característica desses grupos é uma contingência. Se você é carioca, por exemplo, é difícil ou impossível fazer de conta que não é. Se você é mulher, esse traço aparecerá quase certamente no seu comportamento e na sua fala.

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